Lembro-me claramente do momento em que comecei a gostar de fotografia de
uma forma mais intensa e única. Foi em 1986, comecei a
capturar objetos, paredes, água, etc-- sempre em busca de formas e cores. O meu
foco mudou da noite para o dia; fiquei obcecado por composições gráficas em
vez dos habituais retratos de amigos e familiares.
Acabei por partilhar cerca de 50 dessas fotos com o meu amigo Paulo Lopes,
pedindo-lhe que devolvesse cada uma com um texto curto e não descritivo.
Juntos, criamos um pequeno projeto a que chamamos de Fotoscritos.
Não tenho muitas dessas impressões hoje. Embora eu ainda tenha os
negativos, não estão classificados e são difíceis de encontrar. Consegui
recuperar algumas e preparei-as para publicação. Olhando para trás, vejo-as
como imagens básicas e diretas - fiéis ao estilo WYSIWYG (what you see is what
you get), sem edição adicional. Muitas vezes penso: "Eu poderia fazer
muito melhor agora", mas há um romance nesses primeiros trabalhos, uma
sensação de descoberta e paixão. Ingenuidade também, mas irrepetível na forma e
conteúdos.
Revisitar essas fotos e textos traz uma onda de nostalgia, e foi por isso, também, que decidi partilhá-las.
Por fim, capturei todas essas fotos com minha amada Canon A1,
que ainda resiste ao tempo e ao desgaste.